A complexidade de lidar a diversidade de gerações no trabalho - Empodere RH

A complexidade de lidar a diversidade de gerações no trabalho

Vivemos uma época em que as empresas e organizações reúnem uma grande diversidade de gerações no ambiente de trabalho, cada uma com suas particularidades, valores, desafios e formas de interagir com o mundo.

Conhecer essas diferenças é essencial para promover relações saudáveis, preservar a saúde mental dos colaboradores e impulsionar a produtividade organizacional. Mais do que isso, é necessário ter ações concretas para fomentar a boa convivência entre as diferentes gerações.

Neste artigo, exploramos como cada geração aprende, trabalha e se relaciona.

O contexto da diversidade de gerações e seus impactos no trabalho

Atualmente nas organizações é comum encontrar até quatro gerações convivendo diariamente: os Baby Boomers, a Geração X, os Millennials e a Geração Z.

Segundo uma pesquisa do Great Place To Work (2024), 51,6% dos trabalhadores encontram dificuldades para lidar com pessoas de uma geração diferente da sua.

Isso ocorre porque cada grupo tem suas características únicas, moldadas por eventos históricos, culturais e avanços tecnológicos que influenciaram suas trajetórias, conforme veremos a seguir.

Baby Boomers (1946-1964)

  1. Perfil geral: focados, leais e comprometidos, cresceram valorizando estabilidade e hierarquia;
  2. Aprendizado: preferem formatos tradicionais, com materiais impressos e programas estruturados. Adaptaram-se à tecnologia de forma gerencial;
  3. Desafios: sua experiência e capacidade de liderança são recursos valiosos, mas podem enfrentar desafios ao lidar com inovações rápidas.

Geração X (1965-1980)

  1. Perfil geral: pragmáticos e adaptáveis, valorizam equilíbrio entre vida pessoal e profissional. São bons mediadores de conflitos e trazem estabilidade ao ambiente corporativo;
  2. Aprendizado: preferem um modelo de aprendizado híbrido, combinando interações online e offline;
  3. Desafios: podem apresentar resistência às novas formas de liderança mais colaborativas.

Millennials – Geração Y (1981-1996)

  1. Perfil geral: tecnológicos, imediatistas e criativos, buscam significado no trabalho e valorização de suas habilidades;
  2. Aprendizado: valorizam treinamentos gamificados e feedbacks constantes;
  3. Desafios: inovam processos e são ótimos em ambientes colaborativos, mas podem se frustrar com estruturas muito hierárquicas.

Geração Z (1997-2012)

  1. Perfil geral: primeiros nativos digitais, são independentes e multifocais. Cresceram totalmente conectados. Valorizam autenticidade;
  2. Aprendizado: preferem microlearning, vídeos curtos e plataformas intuitivas. Grande capacidade de adaptação e aprendizado;
  3. Desafios: buscam ascensão rápida e podem enfrentar desafios ao lidar com processos burocráticos. Tendem a tolerar menos ambientes muito hierárquicos e tradicionais.  

Impactos na dinâmica das relações

A convivência da diversidade de gerações no ambiente de trabalho pode gerar tanto conflitos quanto oportunidades de crescimento coletivo e de criatividade, quando bem gerida. De maneira geral, estes são alguns dos principais conflitos nas relações intergeracionais de trabalho:

  1. Choque de valores: Baby Boomers tendem a priorizar hierarquia e normas estabelecidas, enquanto Millennials e Centennials valorizam a flexibilidade, o que pode ser visto como uma afronta pelos mais velhos. A renúncia ao estresse observada nas gerações mais novas também é um ponto de atenção;
  2. Estilos de comunicação: Baby Boomers podem preferir interações presenciais, enquanto Millennials e a Geração Z tendem a utilizar ferramentas digitais;
  3. Resistência a mudanças: gerações mais velhas podem demorar a adotar tecnologias novas, o que pode frustrar as mais jovens;
  1. Impacto dos estereótipos: os estereótipos sobre as gerações se confundem com fatos e dados concretos, o que pode tornar as relações ainda piores, e prejudicando o potencial colaborativo dessa diversidade. Problemas como o etarismo podem surgir a partir disso.

E como solucionar esses desafios? Pensamos aqui em algumas possibilidades: 

  1. Promova a escuta ativa: crie espaços para que todos possam expressar suas ideias e preocupações, bem como aumentar a compreensão mútua entre gerações;
  2. Invista em mentoria reversa: incentivar trocas de conhecimento, onde colaboradores mais jovens ensinam tecnologias modernas, enquanto os mais experientes compartilham sabedoria e experiência pode ajudar nesse processo;
  3. Cultura de inclusão: valorize as diferenças como oportunidades de aprendizado coletivo. Valorize a diversidade geracional em suas contratações, ao invés de deixá-la de lado.

Uma pesquisa sobre Diversidade Geracional da PWC Brasil e da FGV mostrou que 65% das empresas ainda não apostam em programas de diversidade geracional, ou seja, há muito espaço para explorar o potencial dessa união como um diferencial competitivo.

A influência na saúde mental

Conflitos intergeracionais também podem gerar estresse e impactar a saúde mental dos colaboradores. Por isso, é fundamental criar um ambiente de trabalho que promova o bem-estar emocional. Como exemplo, trouxemos alguns fatores que afetam a saúde mental: 

  1. Pressão por resultados: a cobrança excessiva pode desencadear ansiedade, especialmente em gerações mais jovens;
  2. Dificuldade de adaptação: gerações mais velhas podem se sentir excluídas diante de novas tecnologias;
  3. Falta de suporte emocional: a ausência de políticas de apoio pode aumentar os níveis de estresse no trabalho.

Confira estratégias que podem ser utilizadas para promoção da saúde mental entre gerações

Para promover um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo, é essencial criar espaços de escuta ativa, garantindo que os colaboradores tenham canais para expressar suas preocupações. Além disso, políticas de bem-estar, como programas de apoio emocional, terapia ou atividades de mindfulness, contribuem para a saúde mental da equipe. 

A flexibilidade também desempenha um papel fundamental, permitindo jornadas de trabalho adaptáveis às necessidades individuais e promovendo um maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Produtividade: como a diversidade de gerações pode ser um diferencial

Um ambiente de trabalho harmonioso e emocionalmente saudável contribui diretamente para a produtividade. Quando as gerações conseguem trabalhar juntas de forma eficiente, os resultados são evidentes.

Quando bem gerida, a diversidade geracional se torna uma vantagem competitiva, pois as diversas perspectivas enriquecem o trabalho em equipe e a inovação gera soluções mais criativas. Enquanto isso, jovens liderados por experiências maduras podem gerar resultados ágeis e eficazes.

Como melhores práticas para essa gestão, algumas ações podem ser adotadas, como o oferecimento de cursos que atendem diferentes perfis, a valorização e o respeito às diferenças, a criação de metas compartilhadas que possam fomentar o espírito de equipe e a adaptação aos estilos de liderança para atender as necessidades de cada grupo.

Lembre-se também que é importante adaptar a liderança e o feedback aos diferentes perfis geracionais, para que funcione melhor em cada grupo, bem como a valorização de seus feitos, de maneira justa e alinhada aos seus valores.

Existem também situações que devem ser evitadas, como conflitos e mal-entendidos, que podem gerar retrabalho ou queda de desempenho, assim como essa falta de compreensão pode levar ao desligamento de talentos valiosos.

Case: diversidade geracional em um plano de sucessão familiar

Para exemplificar os conceitos que trouxemos neste artigo, vamos agora trazer um case aqui da Empodere, uma empresa familiar que está, agora, com o desafio de planejar a sucessão empresarial para os herdeiros. 

A nova geração trazia uma visão inovadora, voltada para tecnologia e automação. No entanto, essa diferença geracional gerava conflitos estratégicos, principalmente na gestão financeira, impactando diretamente as decisões de crescimento e contratação.

Nosso diagnóstico identificou vulnerabilidades na área financeira, dificultando a tomada de decisões estratégicas. O novo responsável pelo setor buscava modernizar processos, mas enfrentava resistência de um dos fundadores, que sempre administrou as finanças da empresa de forma tradicional. A necessidade de um BPO financeiro foi o ponto central do debate, pois para o fundador, delegar essa função representava uma grande insegurança.

Em um trabalho de intermediação, utilizamos técnicas de coaching e mediação de conflitos para facilitar o diálogo entre as gerações. Demonstramos, com dados e fatos, que a estrutura financeira atual não suportaria o crescimento da empresa sem ajustes. Com a participação ativa dos fundadores e herdeiros, encontramos um meio-termo: a implementação gradual do BPO financeiro, mantendo a supervisão dos mais experientes, mas permitindo a modernização necessária. Além disso, ao alinhar os diferentes olhares, conseguimos aprimorar o controle de estoque, um ponto crítico para a operação da indústria.

O resultado foi uma decisão conjunta, na qual a experiência dos mais velhos e a inovação dos mais jovens se complementaram. O ambiente de trabalho tornou-se mais colaborativo e estruturado, com maior clareza nas responsabilidades e um plano de ação concreto. 

Esse case reforça a importância de uma consultoria especializada em gestão de recursos humanos, garantindo que o crescimento da empresa aconteça de forma sustentável e harmoniosa.

Conclusão

Lidar com a diversidade geracional é um desafio que exige empatia, estratégia e visão de futuro.

Ao compreender as diferenças e promover a colaboração, as empresas podem criar ambientes de trabalho mais saudáveis, harmoniosos e produtivos. Apostar em uma gestão humanizada não é apenas uma tendência, mas uma necessidade para o sucesso organizacional a longo prazo.

Cada geração traz contribuições únicas que, se bem aproveitadas, podem impulsionar o crescimento organizacional e promover um clima mais colaborativo e saudável.